O padrão Global na produção da segunda versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo em 2001

O padrão Global na produção da segunda versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo em 2001

Como na primeira versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo produzida pela Globo, a maior parte das gravações eram feitas num sítio localizado na Ilha de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. Já as cenas internas eram gravadas nos estúdios da Renato Aragão Produções, em Vargem Grande, também na zona oeste da cidade.

Em 2003, as gravações das cenas externas deixaram de ser realizadas na Ilha de Guaratiba e passaram a ser rodadas em Jacarepaguá, num sítio em Camorim, próximo à Central Globo de Produção, o Projac. A proximidade facilitou o deslocamento da equipe de produção e com a novidade, a casa principal do sítio de Dona Benta foi reformada e ganhou ares de uma fazenda.

Em 2004, foi construída dentro do Projac uma cidade cenográfica com quatro mil metros quadrados, especialmente para as gravações do programa. O espaço incluía a fictícia Arraial dos Tucanos, com um lago repleto de marrecos, uma igreja, o celeiro, a chácara, o estábulo e seus jardins. Na cozinha de Tia Nastácia não faltavam doces em compotas, panelas de bronze nas prateleiras, coador de café de pano, fogão a lenha e cortininha de renda na janela. A ideia, de acordo com a cenógrafa Giana Lannes, era facilitar as gravações e reproduzir as cidades do vale do Paraiba, onde Monteiro Lobato nasceu.


FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO

Um dos maiores desafios dessa nova temporada foi sem dúvida a caracterização da Cuca. Nos anos anteriores, a personagem usava uma fantasia de jacaré, mas em 2007, o seu visual foi elaborado por meio de maquiagem e figurino, numa tentativa de afastar a personagem de uma atmosfera de teatro infantil, e a deixando mais próxima da estética televisiva.

A Cuca continuou com a característica textura de jacaré, mas ganhou ares de bruxa. Os dentes e as unhas de crocodilo usadas pela personagem foram feitos sob medida para a atriz Solange Couto pela equipe de efeitos especiais, formada por Ricardo Menezes, Glauco César e Cláudio Sampaio.

Outros personagens que também receberam uma atenção especial em relação a modernização de suas caracterizações, foram o Marquês de Rabicó e o Visconde de Sabugosa. Rabicó ganhou nariz e orelhas de látex, especialmente feitas para o ator Ricardo Tostes.

Já a caracterização do Visconde de Sabugosa passou por algumas experimentações antes de se chegar ao resultado final. A princípio, foi produzida uma máscara de mousse de látex que, que embora tenha agradado à direção, era muito incômoda para o ator. Finalmente, a equipe decidiu usar no ator uma peruca vermelha, e fazer a maquiagem usando air brush, que projetava o desenho dos milhos no rosto, sem a necessidade de uma prótese.

Emília foi outra que também teve o visual modernizado: no lugar das cores vermelho e amarelo, diferentes tons de rosa passaram a predominar no vestido da boneca. Sua maquiagem ganhou um tom de bege para fugir da impressão de porcelana, e os cílios foram alongados, dando um ar mais angelical à personagem. Além disso, o seu cabelo, que antes era de pano, agora era feito de lã.

CENOGRAFIA E ARTE
Para criar os novos cenários do Sítio – a chácara de Dona Benta, o Arraial dos Tucanos, a Pensão Cervantes, a venda do Seu Elias, o laboratório do Visconde, a gruta da Cuca e a gruta da Iara -, as equipes buscaram referências nos textos de Monteiro Lobato, que costumava fazer descrições detalhadas dos cenários onde a ação se desenvolvia.

De acordo com o cenógrafo Raul Travassos, a primeira versão do infantil exibida em 1977, também serviu de inspiração para a equipe e o trabalho desenvolvido foi uma homenagem ao cenógrafo e figurinista Arlindo Rodrigues, responsável pela criação dos cenários da primeira versão Global.

Durante os dois primeiros anos dessa segunda versão do programa, foram usados efeitos especiais para que o Visconde de Sabugosa parecesse ter o tamanho de um sabugo de milho. Em 2003, Visconde come uma pitada de fermento e fica do tamanho de uma pessoa normal, deixando o efeito especial de lado.

Na temporada de 2007, destaque para os efeitos visuais utilizados nas sequências em que o Burro Falante conversava com os personagens do Sítio. As cenas foram gravadas com o animal em um fundo de cromaqui e em seguida, usando recursos de computação gráfica, foi inserida na imagem uma boca em 3D, que fazia os movimentos como se o burro estivesse realmente falando.

Para as cenas em que a dupla de besouros Casca e Cascudo (Páblio Sanábio) conversava com Emília, o ator também gravava num fundo de cromaqui e, com a ajuda da computação gráfica, foram inseridas as asinhas dos insetos e os efeitos de voo. Em seguida, a imagem foi reduzida às proporções dos besouros e encaixada na cena.

Outra curiosidade era a animação das ilustrações antigas nas cenas em que Dona Benta contava uma história. Os desenhos eram baseados nos traços dos livros de Monteiro Lobato.