Há 45 anos, o Sítio chegava à TV Globo

Há 45 anos, o Sítio chegava à TV Globo

Era para ser uma novelinha infantil, com entretenimento, retratasse a cultura brasileira e apresentasse material didático para as nossas crianças, porém a primeira versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo na TV Globo, conquistou os corações de milhões de brasileiros e se tornou um marco na história dos programas infantis na televisão brasileira.
Tudo começou exatamente às 17h25 de uma terça-feira do dia 7 de março de 1977. Naquele momento, milhões de brasileirinhos se debruçaram em frente à telinha para a estreia do Sítio na maior emissora do país.
Resultado de uma parceria entre a Globo, a TV Educativa e o Ministério da Cultura, o programa, uma adaptação da obra de Monteiro Lobato, pai da literatura infanto-juvenil, foi o primeiro com investimento massivo em uma produção do gênero na história da televisão brasileira.

Com direção geral de Geraldo Casé, o programa era exibido de segunda a sexta-feira, com capítulos que duravam cerca de 30 minutos, o Sítio do Pica-Pau Amarelo ficou no ar durante nove anos, superando as expectativas de seus idealizadores e da própria emissora que via nascer ali um dos seus maiores sucessos de audiência.
Baseado em um contexto rural, a primeira versão do Sítio na Globo manteve a originalidade da obra de Lobato. A trama foi ambientada num sítio, onde constantes aventuras eram vividas pelos personagens criados pelo autor, em meio à realidade e à fantasia.

Inesquecível, a música de abertura do infantil, composta e interpretada por Gilberto Gil introduzia os espectadores em um universo paralelo, mágico, místico, onde boneca de pano ganha vida e sabugo de milho vira gente. Este é o Sítio do Pica-Pau Amarelo, um lugar em estado de euforia, com saci, piratas, sereia e rios de prata, que há anos leva leitores e telespectadores a uma viagem deliciosa pelo imaginário de um dos nossos maiores autores.

Além dos personagens centrais, já conhecidos do público, como a contadora de histórias e proprietária do sítio, Dona Benta, sua neta Lúcia (apelidada de Narizinho), a amiga eximia quituteira Nastácia, o neto Pedrinho (primo de Narizinho, morador da ‘cidade grande’ que passava as férias escolares no sítio), o intelectual e cientista Visconde de Sabugosa – feito pelo próprio Pedrinho com um sabugo de milho – e a boneca falante Emília, confeccionada por Tia Nastacia para ser companheira de Narizinho, essa nova versão do Sítio destacou ainda outros personagens como Tio Barnabé, Zé Carneiro, Garnizé, João Perfeito, Seu Elias, a “jacarezona” e feiticeira Cuca e, é claro, o buliçoso Saci Pererê.

Com a direção geral de Geraldo Case, considerado o “pai “ do programa, tivemos tambem ao longo dos anos Fábio Sabag, Roberto Vignatti, Paulo Gracindo Jr. E Hamilton Vaz Pereira. Supervisor geral foi sempre Edvaldo Pacote. Ao longo do programa, o núcleo de redatores foi composto por grandes nomes da dramaturgia nacional como Wilson Rocha, Paulo, Afonso Grisolli, Benedito Rui Barbosa, Sylvan Paezzo e Marcos Rey.

No elenco principal, quatro personagens foram vividos por um único artista: Zilka Sallaberry personificou como ninguém a eterna Dona Benta, Jacyra Sampaio como a maravilhosa Tia Nastácia, André Valli encarnou o genial Visconde de Sabugosa e o ator Romeu Evaristo nos deu uma icônica do nosso Saci Pererê.

Ainda fizeram parte do elenco principal as atrizes Rosana Garcia, Daniele Rodrigues, Izabel Bicalho e Gabriela Senra, que nesta ordem interpretaram Narizinho; os atores Júlio César, Marcelo Patelli e Daniel Lobo, também nesta ordem, viveram Pedrinho; as atrizes Dirce Migliaccio (1933-2009), Reny de Oliveira e Suzana Abranches que fizeram nessa sequência o papel de Emília; e as atrizes Dorinha Duval, Stela Freitas e Catarina Abdala, que nessa ordem deram vida à bruxa Cuca.

A primeira adaptação do Sítio do Pica-Pau Amarelo chegou ao fim em 1986, quando foi ao ar o 20º e último capítulo do episódio “A Trilha das Araras”, no dia 31 de janeiro de 1986.
Até hoje, as histórias e atores que deram vida a essa versão do Sítio, são lembradas com muito carinho e nostalgia.