Educar é preciso, conhecer as obras de Monteiro Lobato também!
Para celebrar o Dia Internacional da Educação, nada melhor do que falar da importância e da influência de Monteiro Lobato na educação infantil.
Lobato criou um universo para a criança enriquecida pelo folclore, buscou o nacionalismo na ação das personagens que refletiam na brasilidade, na linguagem, comportamentos e na relação com a natureza.
O Sítio do Pica-Pau Amarelo tem um caráter interdisciplinar e transdisciplinar, onde se fala de mitologia, de gramática, de matemática, de folclore e de outras questões pertinentes.
Algumas transformações ocorridas no século XVIII, aliadas às questões educacionais, marcaram alguns conceitos sociais voltados à família, e é neste século que surge a educação para todos, priorizando, a criança. Surgem textos adaptados exclusivamente para elas, dando início a formação de pequenos leitores.
Surgiu a necessidade de obras que despertassem o interesse das crianças, que chamassem a sua atenção, que as fizessem viajar e sonhar, baseadas no mundo do faz-de-contas e a literatura de Monteiro Lobato cumpre muito bem esse papel.
Além de despertar o interesse da criança através do imaginário, Lobato conscientiza com a sua literatura denunciadora, que envolve fatos políticos-econômicos-sociais. A sua principal obra, “O Sítio do Picapau Amarelo”, tem traços de um Lobato indignado com a exploração do Petróleo, logo depois surge o livro “O Poço do Visconde”, que conta a história da descoberta do Petróleo nas terras do Sítio (mundo fictício), que eram terras de sua família. Não podendo se expor, criou as personagens fantásticas, as quais dizem tudo o que ele pensa sobre a descoberta, entre elas Emília, a qual representa a sua voz.
Você sabia que Lobato é considerado pioneiro na literatura paradidática, cuja principal característica é permitir que a criança aprenda enquanto brinca e lê?
Pois é, e isso aconteceu de um modo muito interessante, protagonizado pelo autor ousado, que sem dúvida estava à frente de seu tempo.
O escritor lançou em dezembro de 1931, o livro “A menina do narizinho arrebitado”, uma edição muito bonita, com capa dura, formato maior que uma folha de sulfite e com ilustrações coloridas.
De olho no mercado educacional, estrategicamente, em março do ano seguinte Lobato prepara uma edição escolar, acrescentando 2 novas histórias em um formato de mais ou menos o tamanho de um palmo, imprimindo 500 mil exemplares.
Sabendo que o governador do Estado à época, visitaria determinadas escolas da capital, Lobato preparou uma jogada de marketing ousada, distribuindo cerca de 50 mil exemplares dessa versão que ele preparou de “A menina do narizinho arrebitado”, nas escolas que seriam visitadas por ele.
Durante a visita, o governador vê as crianças encantadas com o livro e decide encomendar 450 mil exemplares junto ao escritor. A versão especial de “A menina do narizinho arrebitado” foi então distribuída nas escolas estaduais, surgindo, a partir daí, títulos didáticos como Aritmética da Emília, Emília no país da Gramática e Histórias do mundo para crianças, entre outros.
Na literatura de Lobato há uma forte abertura para o currículo escolar e múltiplas possibilidades pedagógicas para o educador.
Sem dúvida, o pai da literatura infantil influenciou positivamente milhares de pessoas de diferentes gerações, e vai seguir influenciando enquanto seus fãs seguirem espalhando a magia de sua obra por todos os cantos.
Todos que enxergam na educação o caminho para a boa formação das futuras gerações, precisam conhecer e entender o conteúdo pedagógico inserido na obra de Monteiro Lobato.
O incentivo a leitura, o estímulo a criatividade e o livre pensar, ainda é a melhor forma de se educar.