Live apresenta trabalho sobre onomatopeias na obra de Monteiro Lobato

Live apresenta trabalho sobre onomatopeias na obra de Monteiro Lobato

Live apresenta trabalho sobre onomatopeias na obra de Monteiro Lobato.

Na última quinta-feira (4), Cleo Monteiro Lobato recebeu em uma live no perfil @lobatocomvoce, no Instagram, o dicionarista Wagner Azevedo Pereira, autor do “Dicionário de Onomatopeias e vocábulos expressivos de Monteiro Lobato”, que reúne as onomatopeias acidentais presentes na obra do autor.

Formado em Letras, com pós-graduação em Língua Portuguesa, ambos na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Pereira, que agora cursa Direito pela mesma faculdade, contou no encontro que começou a fazer dicionários “de repente”.

Com obras ainda inéditas, o dicionarista reúne um total de 24 dicionários, estando 20 desde já prontos e tendo seis sido publicados, dois destes inclusive em Lisboa, Portugal.

Wagner e Cleo se conheceram virtualmente pelo Instagram, durante a pandemia do coronavírus, período este que, segundo o escritor, foi o responsável por fazer acelerar a obra sobre os termos em Lobato que ele já vinha desenvolvendo.

No bate-papo, ele contou sobre sua relação com dicionários, revelando que o primeiro exemplar ele fez antes de começar a faculdade de Letras, em meados de 2004. Estudante de piano clássico, na época, o dicionarista criou um dicionário de música por instinto, obra esta que acabou se perdendo numa enchente onde ele morava, em 2007.

Em seguida, ele começou a “colecionar” palavras, chegando assim ao primeiro dicionário que ele concluiu, sobre catacrese, edição que foi a terceira a ser publicada, em Lisboa.

Pereira contou também sobre todas suas outras obras que foram publicadas: ”Dicionário de Onomatopeias e Vocábulos Expressivos”, “Dicionário de Vozes de Animais” e a pentalogia “Dicionário de Animais com outros significados”, “Dicionário de Plantas com outros significados” e “Dicionário de Números com outros significados”.

Pesquisador nato, ele confessou já ter pesquisado obras inteiras da Literatura e da Música, como Monteiro Lobato, Cateano Veloso, Gilberto Gil etc.

Logo depois, durante a live, Cleo lembrou, por meio de um comentário recebido, que Monteiro Lobato também gostava muito de dicionários, recordando que sua mãe contava que havia um exemplar enorme na entrada de sua casa de Lobato que ficava num pedestal, sempre aberto par atodos poder consultar sempre que necessário.

Wagner, então, trouxe à conversa o exemplo de “Emília no País da Gramática”, em que o autor fala sobre dicionaristas e filólogos, chamando o Lobato de “cultíssimo”.

Ainda na live, o convidado deu alguns exemplos criativos da onomatopeia presente na obra do bisavô de Cleo, que ele retrata em seu dicionário, como as reproduções de sons presentes em “Reinações de Narizinho”, em que a personagem come jaboticaba (Pluft) e cospe seu caroço (Ploct), sendo este aproveitado por Rabicó, que ao encontrá-los come gulosamente (Nhoc).

Aproveitando o assunto, Cleo comentou sobre a questão de saber adaptar as onomatopeias na hora de traduzir as representações de sons do português para o inglês com os barulhos respectivos em cada idioma, E QUE ONOMATOPEIAS NAO SE TRADUZEM, CADA IDIOMA TEM SUAS PRÓPRIAS.

Na sequência, Wagner contou que em sua pesquisa descobriu que algumas criações que até hoje são usadas pela sociedade foram criadas por Lobato nos livros, como o “pspsPS” para chamar gatos e o termo “olhômetro”, referente a “ver e medir com os olhos”.

Antes de encerrar, Wagner lembrou sobre seu primeiro contato com a obra do autor, que foi por meio do “Sítio do Picapau Amarelo”, em sua segunda versão, na TV Globo, nos anos 70/80, ocasião em que ele afirma que ficava encantado com a expressão de Emília e com o espetáculo da figura de Cuca, que fazia com que ele viajasse dentro de seu imaginário infantil.