Live aborda influência de Monteiro Lobato em autores contemporâneos

Live aborda influência de Monteiro Lobato em autores contemporâneos

Na terça-feira, 25, o Lobato Com Você transmitiu, pelo canal do YouTube, uma live com a participação dos escritores Luciana Sandroni, Pedro Bandeira e Luiz Antônio Aguiar.

No encontro, intitulado “A Influência de Lobato na Escrita de Autores Contemporâneos”, os autores falaram sobre a influência da obra de Lobato tanto em suas vidas enquanto leitores, quando crianças, como em sua carreira como escritores de Literatura Infantojuvenil.

A live foi iniciada por Cleo Monteiro Lobato que destacou que o encontro era uma continuação do bate-papo com José Roberto Whitaker Penteado, autor do livro “Os Filhos de Lobato”, onde eles conversaram sobre como Lobato havia influenciado na maneira de pensar , de agir e de escrever de toda uma geração de intelectuais.

Mediada pela doutora em Educação Sônia Travassos, que junto à diretora da Monteiro Lobato Projetos Culturais contou sobre a ideia de reunir os escritores para a conversa sobre a influência lobatiana em suas carreiras, a live revelou detalhes desta influencia na carreira dos escritores convidados.

Após apresentações de cada autor, o bate-papo começou com Travassos perguntando aos convidados o que eles guardam sobre o primeiro encontro com a obra de Lobato, como leitores.

Pedro Bandeira contou que o escritor foi sua figura masculina na infância, uma vez que seu pai havia falecido pouco antes de ele nascer, e revelou que Narizinho foi sua primeira “paixão” na vida.

“Pra mim ela é ‘a’ personagem de Lobato, todo mundo ama a Emília, mas quem cria ela, quem faz ela falar é a imaginação de Narizinho”,  disse o autor, que a partir da ideia da garota como criança solitária que se aventura em sua imaginação, criou o personagem de seu primeiro livro, porém num cenário urbano e não rural.

Em seguida, Luiz Antônio Aguiar confessou que “A Chave do Tamanho”, de Lobato, foi o livro mais importante que já leu em sua vida. Segundo ele, a obra o deixou “inteligente” por começar a ver o mundo “fora de si”. “Eu comecei a ver o mundo grande, comecei a desejar o mundo”, afirmou o escritor, que disse que “A Chave” foi o livro que “abriu a vontade de morar dentro do Sítio do Picapau Amarelo”.

“Monteiro Lobato foi o fundador da Literatura Infantojuvenil brasileira. Mesmo com oito anos de idade, eu sentia que ele estava do meu lado, era do meu partido”, comentou Aguiar.

Luciana Sandroni disse lembrar-se da sensação que tinha ao ler Lobato. Ela recordou que quando criança, ia para um sítio em uma ilha carioca nas férias, onde não havia energia elétrica. Sua mãe, então, especialista no autor, aproveitava o momento para contar toda a obra dele para ela e as crianças.

Entre os livros que teve contato na infância, ela destacou “Viagem ao Céu”, que na época permitia que ela acreditasse que poderia sim ir para a Lua por meio das histórias do livro. “Foi o primeiro livro que me fez acreditar que a fantasia poderia ser real”, disse.

Na onda dos autores, Cleo Monteiro Lobato também falou sobre a obra que mais a marcou: “Os Doze Trabalhos de Hércules”.Na sequência, Sônia Travassos quis saber porque os convidados se consideram “filhos de Lobato” em sua escrita.

Luiz Antônio Aguiar disse que não se considera um “filho” de Lobato, mas afirmou que o autor o formou como um cidadão brasileiro, chamando-o de visionário por criar o “Sítio do Picapau Amarelo”, local que ele definiu como um “acampamento de fantasias que uniu diversos elementos de imaginação sem fronteiras”, curiosamente demonstrando como de fato ele ser mesmo um “filho de Lobato”.

A autonomia dada a suas personagens crianças, por exemplo, é uma das características que ele conta ter aprendido com Lobato, que pode ser vista por exemplo em sua obra “Memórias Mal Assombradas de um fantasma canhoto”. Já Luciana Sandroni disse que acredita sim ser uma “filha” do escritor. A autora, que ganhou prêmios com seu livro “Minhas Memórias de Lobato”, ressaltou a influência de Lobato, por exemplo, em seu primeiro livro: Ludi vai à praia, (1989).

A obra conta a história de uma menina de 8 anos, muito inspirada na Emília, que limpa a baía de Guanabara, cartão postal da cidade, e que inclusive era retratada como leitora de Lobato, tendo até o apelido de “Marquesa” e atua no “Reino das Águas Sujas”. Pedro Bandeira apontou seu livro “Alice no País da Mentira” como uma de suas obras mais ‘lobatianas’.

De uma forma ou de outra, o encontro deixou provado como estes escritores, que marcaram gerações com o talento de suas obras, foram e ainda são inspirados pelos ideais e narrativa de Monteiro Lobato, marca que ficou provada na forma como eles próprios demonstram a paixão ao falar e se lembrar da experiência com o autor.