DE VOLTA AO SÍTIO – VI – JUCA

DE VOLTA AO SÍTIO – VI – JUCA

De volta ao Sítio

Por Décio Diniz 

 

VI - Juca

- Pois bem, senhor Escritor de cartas, temos que arrumar algumas coisinhas no que diz respeito a sua pessoa.

- O que você vai aprontar, Emília?

- Vou consertar meu visitante para que ele fique no ponto para entrar para nossa turma. Não é isso que ele quer?

- Consertar, Emília? Que estória é essa? E desde quando ele é seu visitante?

Meu visitante porque eu vou deixá-lo no ponto para que esta visita dê certo. E vou consertar, sim. Com uma mexidinha aqui, outra acertadinha ali, este sítio vai ser visitadíssimo por ele.

- E o que você quer consertar em mim, Emília?

- Precisamos começar pelo seu nome.

- O que tem de errado nele?

- De errado nada. Mas precisamos de um apelido para você. Ninguém chama o Pedrinho de Pedro ou a Narizinho de Lúcia.

Emília fez cara de quem procurava um apelido em sua cabecinha. Olhou para "seu" visitante, franziu a testa, bateu o pé.

- Acho que dona Emília não está muito inspirada hoje - comentou o Visconde, com ares de deboche.

- Juca!

- Juca?

- Juca. Ju-ca. Juu-Caa. Ele tem cara de Juca.

- Por que Juca, Emília?

- Olhe bem, Pedrinho. Ele não te lembra alguém?

- Essas sobrancelhas...

- Isso mesmo! Ele é a cara do Monteiro Lobato. E o apelido dele quando criança era Juca.

Ficou assim resolvido. O "visitante da Emília" de agora em diante era Juca.

- Agora só falta uma coisa. Fechem os olhos todos.

Quando todos obedeceram, Emília cochichou ao ouvido de Juca: "Faz-de-conta que você ainda é criança!"

- Prontíssimo! Podem abrir os olhos.

Todos ficaram surpresos com a ideia da Emília. Juca era agora um garoto, assim, da idade do Pedrinho.

- Viva! Viva o Juca criança!

Juca olhava para si mesmo, numa mistura de susto com alegria.

- O que dona Benta vai dizer disso? - perguntou o Visconde.

- Vai dizer o que sempre diz: "Meu Deus, e eu que pensei que já tinha visto de tudo neste sítio!" E depois vai se derreter de amor ao perceber que ganhou um novo neto. Mas isso fica pra depois. Agora vamos continuar mostrando o sítio para o Juca.

Emília agarrou a mão de Juca e saiu correndo para o pomar.

- Vamos, Juca! Vou te mostrar o ribeirão.

Narizinho e Pedrinho correram atrás.

- Essa Emília não muda nunca. Se apoderou do anjinho, do Quindim, e agora do nosso novo amigo.

- Pode deixar, Narizinho. Vou ensinar o Juca a como lidar com essa bonequinha que se acha a dona do mundo.

E o Visconde correndo atrás deles:

- Ei! Esperem por mim...

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