DE VOLTA AO SÍTIO – II – VAGA-LUMES

DE VOLTA AO SÍTIO – II – VAGA-LUMES

De Volta ao Sítio

Por Décio Diniz

 

II - Vaga-lumes

Narizinho, Pedrinho, Emília e Visconde entraram na cozinha, alvoroçados como sempre.

- Onde vocês estiveram, meus netos?

- No capoeirão, vovó - respondeu Pedrinho, esticando seu bodoque.

- Capoeirão, Pedrinho! Não me digam que estão atrás de onça novamente!

- Não, vovó.

- Nem da Cuca!

- Não, tia Nastácia. Não disse que íamos buscar meus vaga-lumes?

- Vaga-lumes? E precisava ir até o capoeirão?

- É que meus besouros-espiões me informaram que hoje haveria uma assembleia de vaga-lumes na mata, dona Benta. Fui lá contratar alguns.

- Contratar? Que estória é essa Emília?

- Contratá-los para trabalharem em meu abajur.

Emília mostrou a garrafa cheia de vaga-lumes.

- Ué, você não disse que ia guardá num sei o que aí dentro?

- Não ia guardar não-sei-o-que nenhum, tia Nastácia. Eu disse que ia colocar meus coleópteros aqui. Os vaga-lumes pertencem à ordem dos coleópteros, não sabia?

- Emília! Você sempre com essa mania de falar difícil para a tia Nastácia - reclamou Narizinho.

- Mas que estória de abajur é essa, Emília?

- Faz tempo que estou com esta ideia, dona Benta. Vou deixar esta garrafa em cima do criado-mudo da Narizinho. Aquele, que além de mudo é surdo como uma porta. À noite, os vaga-lumes vão acender suas luzinhas e iluminar o quarto. Não vai ser lindo?

- Emília, Emília...

- Eu já expliquei a ela, dona Benta - lamentou o Visconde.

- Que a emissão de luz dos vaga-lumes tem a finalidade de aproximá-los para o acasalamento, etc, etc. Mas eu já disse que meu abajur de vaga-lumes não tem nada a ver com isso. Tudo isso aí é por conta da biologia, zoologia, insetologia, sei lá. Meu abajur funciona conforme a emiliologia.

- Emiliologia! Ora essa! - resmungou o Visconde.

- Calma, calma, vamos esfriar os ânimos. Nastácia logo vai servir o jantar. Todos para o banho. E depois tenho uma novidade para contar a vocês.

- Novidade? Pode me contar agora, dona Benta. Sou de pano, não preciso tomar banho nem jantar.

- Nada disso, Emília. A novidade é para todos e eu contarei depois do jantar.

Emília fez cara de desapontamento e puxou o Visconde para a biblioteca:

- Vamos, Sabugosa. Conte mais sobre a ciência dos coleópteros.

Pedrinho e Narizinho saíram confabulando sobre qual seria a novidade.

 

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