O saci e Monteiro Lobato – Blog Randomicidades

Coisas que escuto demais: “Lobato infantilizou o saci”, “Saci NO ORIGINAL é muito mais sombrio do que em Lobato”, etc. Isso quando não vem alguém que realmente se perdeu dizer que o autor do Sítio “inventou o mito do saci”. Continue lendo este artigo para escapar dessa besteira.

De começo: é comum confundir o trabalho de ficção folclórica com de registro folclórico. Folclore é literatura oral, por isso sua forma é imprecisa, plural. Quando se faz literatura é preciso escolher uma versão, então sim, a ficção sempre será limitante. Mas Lobato fez os dois!

Lobato estoura em 1914 fazendo crítica dura ao caboclo com o tipo Jeca Tatu (anos depois ele revê e se desculpa). Com espaço na mídia, começa suas provocações. Em 1916, escreve frustrado com estátuas de gnomos encapotados no calor de SP. Melhor um papagaio, tico-tico… um saci. A crítica vai ganhando corpo até que em 1917 seu amigo, o biólogo Manequinho Lopes, pai do Parque Ibirapuera, faz esta escultura com o saci que ouvia na infância: com três dedos, espora feito galo para trepar nos cavalos, mão furada, orelha de morcego, carapuça vermelha de cuia.

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DE VOLTA AO SÍTIO – IV – ESTRELAS

De Volta ao Sítio

Décio Diniz

IV – Estrelas

Aquela noite Narizinho foi para a cama com os olhos pesados de sono. Deitou-se e logo dormiu. E sonhou. Sonhou com o céu pontilhado de estrelas. Mas era o céu mais bonito que já tinha visto. As estrelas voavam de um lado para o outro e algumas pareciam descer quase que até a ponta de seu nariz. "Que maravilha! Parece até que estou viajando pelo céu novamente."

– Não é lindo, Narizinho?

– Emília! Você também está aqui?

– Que estória é essa, Narizinho? Sempre dormi aqui com você. Parece que está sonhando.

Narizinho percebeu que não era sonho. Estava em seu quarto, junto com Emília. E as estrelas eram…

– Não são lindos meus vaga-lumes?

– Parecem estrelas passeando pelo céu!

– O Visconde me convenceu que não seria correto prender os vaga-lumes dentro da garrafa só para fazer um abajur. Então combinei com eles que iluminassem nosso quarto esta noite e amanhã estão dispensados.

– Ficou lindo, Emília! Acho que vou dormir e sonhar que estamos passeando pelo universo outra vez. Boa noite.

– Boa noite, Narizinho.

Emília, na verdade, não dormia. Fingia dormir. Passava as noites raciocinando com sua cabecinha de macela, filosofando sobre a vida, planejando novas aventuras. Naquela noite, como não poderia deixar de ser, ela pensava na carta que dona Benta havia recebido.

"Que estória será essa de um menino que passou sua infância aqui no sítio? Quantos anos será que ele tem hoje? Será um simpático vovô como a dona Benta? E se Pedrinho estiver certo? Se for alguém querendo fazer um filme sobre o sítio? E se for um diretor famoso de Hollywood, desesperado para me contratar? Já estou vendo o cartaz do filme: A marquesa de Rabicó, estrelando… Emília! Mas 'Rabicó' é um nome nada artístico. Ficaria melhor A marquesa do Picapau Amarelo. Melhor ainda, A princesa do Picapau Amarelo. Mas não dá. A princesa daqui é a Narizinho. Foi ela quem se casou com um príncipe. Sempre falei que eu deveria ter me casado com um príncipe, ou um rei!"

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DE VOLTA AO SÍTIO – III – FAZ-DE-CONTA

De Volta ao Sítio

Por Décio Diniz

III – Faz-de-conta

Depois do jantar todos estavam a postos na sala, esperando por dona Benta. Tia Nastácia já havia sentado no sofá e fechava os olhos de sono.

– Não disse que ela já sabe da novidade? Já dorme tranquila o sono dos despreocupados, enquanto a gente fica aqui morrendo de curiosidade.

– Quieta, Emília! Deixa a tia Nastácia em paz. Vovó já está chegando.

Dona Benta entrou com um envelope na mão, e sentou-se em sua cadeira de balanço.

– Hoje recebi esta carta de São Paulo.

– São Paulo? De quem, vovó? – perguntou Narizinho.

– Algum restaurante famoso querendo contratar tia Nastácia? – brincou Pedrinho, rindo-se da pobre Nastácia que abria os olhos, assustada: "Que foi?"

– Que restaurante nada. Para mim é do Dom Pedro!

– Que Dom Pedro, Emília?

– Aquele que deu o "brado retumbante" às margens do rio Ipiranga, ora! Isso não foi em São Paulo?

– Acorda, Emília. Isso foi a quase duzentos anos!

Dona Benta ria-se daquilo tudo.

– Deixem a imaginação para depois, criançada. A carta não é de nenhum restaurante, muito menos de Dom Pedro I. Escutem que eu vou ler para vocês: "Querida dona Benta, há muito queria lhe escrever…"

Quando dona Benta terminou, Emília estava pensativa, com os dedos no queixo, olhar para cima.

– Então, pessoal, o que vocês me dizem disso? – perguntou dona Benta.

– O que será que ele quer aqui no sítio, vovó?

– Quem sabe ele quer fazer um filme, Narizinho! Ou uma entrevista, ou um documentário para a televisão?

– Será, Pedrinho? Ele disse que sente saudade daqui sem nunca ter vindo ao sítio.

– Mas disse também que em seus sonhos passou a infância aqui conosco – lembrou o Visconde.

– Esta parte me interessa – gritou Emília. Se ele não é mais criança, mas esteve aqui quando criança, e foi em sonho, então tem a ver com o faz-de-conta, e de faz-de-conta eu entendo.

– E ele apelou para você, Emília. Não sabe como chegar até aqui, mas acredita que você tem uma solução para isso.

– É claro que tenho. É como eu sempre digo, adulto se aperta por tão pouca coisa!

– E qual é a solução, Emília?

– Responda a carta, dona Benta. Diga que venha sim, que queremos conhecê-lo e descobrir o que ele quer realmente. Diga que venha logo porque já estamos esperando.

– Ela fala como se fosse a dona do sítio!

– Sei muito bem que a dona é a sua avó, Narizinho! Mas sei também que dona Benta nunca faria essa desfeita a alguém que quer conhecer o sítio.

– E não farei mesmo, Emília. Mas, afinal, ele quer saber como vir. O que eu respondo, bonequinha?

– Muito fácil. Diga para ele arrumar as malas, ficar prontinho e fechar os olhos com bastante força. Quando abrir novamente estaremos na porteira para recebê-lo.

 

DE VOLTA AO SÍTIO – II – VAGA-LUMES

De Volta ao Sítio

Por Décio Diniz

 

II – Vaga-lumes

Narizinho, Pedrinho, Emília e Visconde entraram na cozinha, alvoroçados como sempre.

– Onde vocês estiveram, meus netos?

– No capoeirão, vovó – respondeu Pedrinho, esticando seu bodoque.

– Capoeirão, Pedrinho! Não me digam que estão atrás de onça novamente!

– Não, vovó.

– Nem da Cuca!

– Não, tia Nastácia. Não disse que íamos buscar meus vaga-lumes?

– Vaga-lumes? E precisava ir até o capoeirão?

– É que meus besouros-espiões me informaram que hoje haveria uma assembleia de vaga-lumes na mata, dona Benta. Fui lá contratar alguns.

– Contratar? Que estória é essa Emília?

– Contratá-los para trabalharem em meu abajur.

Emília mostrou a garrafa cheia de vaga-lumes.

– Ué, você não disse que ia guardá num sei o que aí dentro?

– Não ia guardar não-sei-o-que nenhum, tia Nastácia. Eu disse que ia colocar meus coleópteros aqui. Os vaga-lumes pertencem à ordem dos coleópteros, não sabia?

– Emília! Você sempre com essa mania de falar difícil para a tia Nastácia – reclamou Narizinho.

– Mas que estória de abajur é essa, Emília?

– Faz tempo que estou com esta ideia, dona Benta. Vou deixar esta garrafa em cima do criado-mudo da Narizinho. Aquele, que além de mudo é surdo como uma porta. À noite, os vaga-lumes vão acender suas luzinhas e iluminar o quarto. Não vai ser lindo?

– Emília, Emília…

– Eu já expliquei a ela, dona Benta – lamentou o Visconde.

– Que a emissão de luz dos vaga-lumes tem a finalidade de aproximá-los para o acasalamento, etc, etc. Mas eu já disse que meu abajur de vaga-lumes não tem nada a ver com isso. Tudo isso aí é por conta da biologia, zoologia, insetologia, sei lá. Meu abajur funciona conforme a emiliologia.

– Emiliologia! Ora essa! – resmungou o Visconde.

– Calma, calma, vamos esfriar os ânimos. Nastácia logo vai servir o jantar. Todos para o banho. E depois tenho uma novidade para contar a vocês.

– Novidade? Pode me contar agora, dona Benta. Sou de pano, não preciso tomar banho nem jantar.

– Nada disso, Emília. A novidade é para todos e eu contarei depois do jantar.

Emília fez cara de desapontamento e puxou o Visconde para a biblioteca:

– Vamos, Sabugosa. Conte mais sobre a ciência dos coleópteros.

Pedrinho e Narizinho saíram confabulando sobre qual seria a novidade.

 

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DE VOLTA AO SÍTIO – I SAUDADE

De volta ao Sítio

Por Décio Diniz 

 

Em lembrança de Monteiro Lobato, que disse certa vez: "Ainda acabo fazendo livros onde nossas crianças possam morar".

"Esqueceste muito… e, no entanto, enquanto lês estas linhas, lembrar-te-ás vagamente das visões de outros tempos e lugares que divisavam teus olhos infantis" (Jack London).

I – Saudade

Naquele dia dona Benta havia recebido muita correspondência. Carta da filha Tonica, querendo saber de Pedrinho; um cartão-postal de Londres, mandado por uma das meninas que havia visitado o sítio para conhecer o anjinho que Emília trouxe da Via Láctea; além dos livros encomendados e revistas científicas para o Visconde, que agora lia em inglês e alemão. Em meio a tudo aquilo, uma carta de uma pessoa desconhecida. "Quem será?", pensou a boa senhora, "carta de São Paulo!"

Dona Benta abriu o envelope e começou a ler: "Querida dona Benta, há muito queria lhe escrever. A todos vocês! Não me conhecem, mas sinto muita saudade de todos. Em meus sonhos, passei minha infância com vocês, nesse lugar maravilhoso onde moram. Sabe o que é sentir saudade dum lugar onde nunca se esteve? Pois bem, não sou mais criança. Mas a saudade tem apertado e, de repente, o desejo de estar 'novamente' aí. Gostaria muito de sua permissão para fazer-lhes uma visita. Pedrinho, Narizinho e Emília não vão se entusiasmar com a visita de um adulto, mas, chegando aí dá-se um jeito. Mas, ainda há um probleminha. Não sei como chegar! A senhora sabe, adultos se perdem um pouco nestas coisas da imaginação. Será que a Emília pode me ajudar? Aguardo resposta. Com carinho, …"

– Então teremos visita. Preciso avisar essa turminha.

Dona Benta levantou-se e foi até a varanda procurar pelas crianças.

– Narizinho! Pedrinho! Emília! Por onde será que anda esse pessoalzinho?

Nada das crianças aparecerem. Nem Emília, nem Visconde. Deviam estar no ribeirão, ou então de conversa com tio Barnabé.

– Nastácia, você sabe onde foram as crianças?

Tia Nastácia estava na cozinha, preparando o jantar. Já havia dado uma corrida no Rabicó que aparecera por ali procurando um lanchinho.

– Sei não, sinhá. Emília esteve por aqui me pedindo uma garrafa, mas não disse pra onde ia.

– Garrafa? Estão caçando saci outra vez?

– Não, sinhá. Ela disse que era pra guardá um tar de… de… sei lá, esqueci!

Dona Benta balançou a cabeça, rindo.

– Recebi uma carta, Nastácia. Duma pessoa de São Paulo, querendo nos visitar.

– Que pessoa, sinhá? Argum conhecido do Visconde?

– Não. Um garoto que não conhecemos, mas que diz ter passado sua infância aqui, com meus netos.

– Que istória é essa, sinhá? Como a gente num conhece se ele já veio aqui? Será que é o tar de Peter Pan?

– Não, Nastácia – riu dona Benta – na verdade é um garoto que já cresceu. Diz aqui na carta que já é adulto e sente muita saudade daqui. Mas não sabe como vir para cá. Pediu ajuda da Emília.

Tia Nastácia fez cara de quem não entendeu nada e mostrou à dona Benta o peixe que tirava do forno.

– Óia, sinhá. Uma delícia esse peixão que o tio Barnabé trouxe!

– É de dar água na boca, Nastácia. Daqui a pouco as crianças chegam morrendo de fome.

Mal dona Benta terminou de falar, escutou o barulho das crianças entrando pela sala.

– Vovó, vovó! Veja o que a Emília inventou!

Continua…